sexta-feira, 20 de junho de 2008

evocações

dia desses me peguei no que eu chamo de "sonho automático" (quando a gente olha pralgum lugar, sem pensar em nada e meio que se desliga de tudo que tá por perto e fica olhando... olhando... olhando)...
quando era moleque tinha muito disso...
preu voltar pro mundo real só com alguém falando comigo ou me chamando pelo nome...
no fundo, no fundo, esses sonhos automáticos - esses distanciamentos do mundo - pareciam fazer parte do passado...
um passado de terra vermelha...
um passado cheio de verde...
um passado cheio de infância...
de música... (festivais e fanfarra!)
de amigos...
de portas do casarão aberto pra quem quisesse entrar.
assim já foi minha vida... meu passado lá no interior...
nossa casa era grandona...
de esquina...
pé direito muito alto...
dois quintais enormes, com parreira de uvas, ipê amarelo, canteiros cheios de flores, o famigerado fox paulistinha sócrates, e a jaca(o estúdio era chamado assim em homenagem a apple dos Beatles)
tinha também um porão quase sinistro...(dependendo do dia)
e era em uma das esquinas da principal avenida de lá...
bem pertinho do centro (se é que lá tem alguma coisa longe da outra!)
ter essa sensação de sonho automático me fez voltar ao primeiro mundo que conheci...
:incontinenti as sensações de liberdade, de alegria, de infância, de santa cruz, da mãe, do pai, dos irmãos(de sangue e os de "não-sangue"), do violão, voltaram...
(pés no chão
indo de encontro ao vento
todo sonho era real
e a vontade, lei
que saudade da criança
de vida livre
de gestos soltos
que se encantava
quando o sol nascia
e a lua brilhava...
navegava
pelos mares da sarjeta
num barco de papel
vencendo piratas
capitão de amor e fantasia
queria que todos do seu reino
sorrisem com alegria)
às vezes fico me perguntando porque que todo mundo acha que quando a gente cresce e fica velho, ou mais experiente, tem que deixar de lado esse espírito todo...
não seria mais fácil levar a vida de um jeito mais simples, mais tranquilo, mais cheio de sorrisos?
mas o problema é que quando a gente cresce vai ficando cada vez mais chato: perdemos graça, espontaneidade, curisosidade, a aura pura, e a beleza daquele mundo que a gente imaginou lá na infância!
a solução?
crescer e envelhecer sim, já que existem as descobertas de se passar por todas as etapas da vida; mas crescer e envelhecer cheio de alegria, confiança e dignidade, nunca deixando pra trás quem você foi lá no começo de tudo... mesmo que a maioria das pessoas te ache uma criança num corpo adulto!
no fundo, no fundo o que essas pessoas sentem é uma ponta de inveja por não terem conseguido guardar com elas mesmas a própria essência... aquela, que você adquire quando é uma simples e feliz criança!

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